Foi por causa dela que descobri que o sol, no poente, ameniza todos os rostos, até mesmo os mais cansados e empedernidos.
E percebi que uma porta pode ser também janela ou sacada. Com tanta ansiedade para que ela chegue logo, já, depressa, que não pode ser simplesmente um "entrar pela porta". Ela sabe como entrar não só no espaço, mas no tempo, nos meus ombros, no meu olhar.
E me pergunto: será que pode alguém não haver amado seus mínimos e sutis gestos? E posso até mesmo amá-la assim, somente por entrar, sem que me ame, e, ainda que me amasse, não me importa... ela já faz da porta minha sacada, a única janela que tenho.
Por conta disso, a visão que eu tenho do mundo é ela. Desafio haver, em todas as galáxias, visão tão doce quanto a minha!
Porque, por causa dela, lembro que não pode chover para sempre. A angústia da espera é chuva, e esperar por ela é chuva em mim.
Descobri também que por causa dela eu posso conjugar todas as formas do verbo esperar. Até saudade virou verbo nessa alucinação conjugal de palavras.
Por causa dela tenho muito mais carinho pelo pôr-do-sol.
E, apesar de tudo, só por causa dela, toda a luz que tem no sol já não me serve mais...
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