quarta-feira, 29 de julho de 2009

Como se livrar do Telemarketing

Cansado dessas ligações de empresas de telemarketing? Eis aqui 10 meios de aterrorizar a pessoa que está do outro lado da linha.

1) Quando a pessoa lhe perguntar "como vai?" responda: "Estou tão feliz que você esteja me perguntando isso! Hoje em dia ninguém mais se preocupa comigo e preciso tanto conversar com alguém... Minha artrite está me matando e meu cachorro acaba de morrer. O pior, é o meu médico que me disse..."

2) Fale à pessoa para falar MUITO devagar porque você está escrevendo tudo o que ela está dizendo.

3) Quando a pessoa disser: "Bom dia, meu nome é Francisco da empresa X", peça-lhe para soletrar o nome e sobrenome, e o nome da empresa. Faça-o repetir.Pergunte o endereço, faça soletrar o nome da rua, o CEP. E faça repetir novamente. Peça-lhe o nome do chefe dele, o número do CGC, etc... Faça pausas longas como se você estivesse escrevendo tudo num papel. Continue a fazer perguntas pelo tempo que for necessário.

4) Quando a pessoa se apresentar (ex: "eu sou Júlia"), dê um grito: "Júlia? Oh meu Deus! É você mesma? Faz tanto tempo que não tenho notícias suas! Como é que você foi na faculdade? Você não lembra de mim?"

5) Se uma empresa de telefonia ligar para lhe oferecer descontos nos interurbanos, responda com voz sinistra: 'Não tenho amigos. Ninguém quer ser meu amigo. Ninguém quer falar comigo. Você quer ser meu amigo? Eu poderia ligar para você... Qual é teu número?"

6) Se uma administradora de cartão de crédito ligar para lhe oferecer um cartão, responda que esta oferta caiu do céu, você acabou de pedir concordata e está com um monte de dívidas, seu cheque especial foi cortado e que finalmente você vai poder fazer as compras de supermercado.

7) Diga que você está em liberdade condicional, num programa de reabilitação social para detentos violentos e que você precisa pedir à assistente social a autorização dela.

8) Depois de ter ouvido tudo o que a pessoa tem a dizer, peça-a em casamento, porque você só dá seu número de cartão de crédito a sua esposa.

9) Diga à pessoa: "Nem tente, André, eu já reconheci tua voz! Essa brincadeira é boa, mas agora não tem mais graça. E como vai a tia Joana?". Não importa o que a pessoa lhe disser, repita: "Pára com isso, André, você não percebeu que eu já te reconheci?"

10) Diga à pessoa que você está muito ocupado no momento, mas que lhe dê seu número particular que você irá ligar mais tarde. A pessoa evidentemente não vai querer lhe dar o número. Responda então: "Eu imagino que você não queira ser importunado na sua casa". Eu também não!

Depilação masculina

Estava eu assistindo tv numa tarde de domingo, naquele horário em que não se pode inventar nada o que fazer, pois no outro dia é segunda-feira, quando minha esposa deitou ao meu lado e ficou brincando com >minhas"partes". Após alguns minutos ela veio com a seguinte idéia: -Por que não depilamos seus ovinhos, assim eu poderia fazer "outras coisas" com eles! ! ! ! Aquela frase foi igual um sino na minha cabeça. Por alguns segundos fiquei imaginando o que seriam "outras coisas". Respondi que não, que doeria... coisa e tal, mas ela veio com argumentos sobre as novas técnicas de depilação e eu não tive mais como negar. Concordei. Ela me pediu que ficasse pelado enquanto buscaria os equipamentos necessários para tal feito. Fiquei olhando para TV, porém minha mente estava vagando pelas novas sensações que só acordei quando escutei o beep do microondas. Ela voltou ao quarto com um pote de cera, uma espátula e alguns pedaços de plástico. Achei meio estranho aqueles equipamentos, mas ela estava com um ar de "dona da situação" que deixaria qualquer médico urologista sentindo-se como residente. Fiquei tranqüilo e autorizei o restante do processo. Pediu para que eu ficasse numa posição de quase-frango-assado e liberasse o aceso a zona do agrião. Pegou meus ovinhos como quem pega duas bolinhas de porcelana e começou a passar cera morna. Achei aquela sensação >maravilhosa!! O Sr. Pinto já estava todo "pimpão" como quem diz: "sou o próximo da fila"!! Pelo início, fiquei imaginando quais seriam as "outras coisas" que viriam. Após estarem completamente besuntados de cera, ela embrulhou ambos no plástico com tanto cuidado que eu achei que iria levá-los para viagem. Fiquei imaginando onde ela teria aprendido essa técnica de prazer: Na Thailândia, na China ou pela Internet mesmo. Porém, alguns segundos depois ela esticou o saquinho para um lado e deu um puxão repentino. Todas as novas sensações foram trocadas por um sonoro PUTAQUEOPARIU quase falado letra por letra. Olhei para o plástico para ver se o couro do meu saco não tinha ficado grudado na cera. Ela disse que ainda restaram alguns pelinhos e que precisava passar de novo. Respondi prontamente: Se depender de mim eles vão ficar aí para a eternidade!! Segurei o Dr. Esquerdo e o Dr. Direito em minhas respectivas mãos, como quem segura os últimos ovos da mais bela ave amazônica em extinção, e fui para o banheiro. Sentia o coração bater nos ovos. Abri o chuveiro e foi a primeira vez que eu molho o saco antes de molhar a cabeça. Passei alguns minutos só deixando a água escorrer pelo meu corpo. Saí do banho, mas nesses momentos de dor qualquer homem vira um bebezinho novo: faz merda atrás de merda. Peguei meu gel pós barba com camomila "que acalma a pele", enchi as mãos e passei nos ovos. Foi como se tivesse passado molho de pimenta. Sentei na privada, peguei a toalha de rosto e fiquei abanando os ovos como quem abana um boxeador no 10° round. Olhei para meu pinto. Ele era tão alegrinho minutos atrás, estava tão pequeno que mais parecia que eu tinha saído de uma piscina 10 graus abaixo de zero. Nesse momento minha esposa bate na porta do banheiro e perguntou o que estava acontecendo. Aquela voz antes aveludada ficou igual um carrasco mandando eu entregar o presidente da revolução. Saí do banheiro e voltei para o quarto. Ela estava argumentado que os pelos tinham saído pelas raízes, que demorariam voltar a nascer. "Pela espessura da pele do meu saco, meus netos irão nascer sem pelos nos ovos", respondi. Ela pediu para olhar como estavam. Eu falei para olhar com meio metro de distância e sem tocar em nada!! Vesti a camiseta e fui dormir (somente de camiseta). Naquele momento sexo para mim seria somente para perpetuar a espécie humana. No outro dia pela manhã fui me arrumar para ir trabalhar. Os ovos estavam mais calmos, porém mais vermelhos que tomates maduros. Foi estranho sentir o vento bater em lugares nunca antes visitados. Tentei colocar a cueca, mas nada feito. Procurei alguma cueca de veludo e nada. Vesti a calça mais folgada que achei no armário e fui trabalhar sem cueca mesmo.
Entrei na minha seção andando igual um cowboy cagado. Falei bom dia para todos, mas sem olhar nos olhos. E passei o dia inteiro trabalhando em pé com receio de encostar os tomates maduros em qualquer superfície.
Resultado: Certas coisas devem ser feitas somente para mulheres.
Desconheço o autor.

Depilação feminina

"Tenta sim. Vai ficar lindo."
Foi assim que decidi, por livre e espontânea pressão de amigas, me render à depilação na virilha. Falaram que eu ia me sentir dez quilos mais leve. Mas acho que pentelho não pesa tanto assim. Disseram que meu namorado ia amar, que eu nunca mais ia querer outra coisa. Eu imaginava que ia doer, porque elas ao menos me avisaram que isso aconteceria. Mas não esperava que por trás disso, e bota por trás nisso, havia toda uma indústria pornô-ginecoló gica-estética.
- Oi, queria marcar depilação com a Penélope.
- Vai depilar o quê?
- Virilha.
- Normal ou cavada?
Parei aí. Eu lá sabia o que seria uma virilha cavada. Mas já que era pra fazer, quis fazer direito.
- Cavada mesmo.
- Amanhã, às... Deixa eu ver...13h?
- Ok. Marcado.
Chegou o dia em que perderia dez quilos. Almocei coisas leves, porque sabia lá o que me esperava, coloquei roupas bonitas, assim, pra ficar chique. Escolhi uma calcinha apresentável. E lá fui. Assim que cheguei, Penélope estava esperando. Moça alta, mulata, bonitona. Oba, vou ficar que nem ela, legal. Pediu que eu a seguisse até o local onde o ritual seria realizado. Saímos da sala de espera e logo entrei num longo corredor. De um lado a parede e do outro, várias cortinas brancas. Por trás delas ouvia gemidos, gritos, conversas. Uma mistura de Calígula com O Albergue. Já senti um frio na barriga ali mesmo, sem desabotoar nem um botão. Eis que chegamos ao nosso cantinho: uma maca, cercada de cortinas.
- Querida, pode deitar. Tirei a calça e, timidamente, fiquei lá estirada de calcinha na maca.Mas a Penélope mal olhou pra mim. Virou de costas e ficou de frente pra uma mesinha. Ali estavam os aparelhos de tortura. Vi coisas estranhas. Uma panela, uma máquina de cortar cabelo, uma pinça. Meu Deus, era O Albergue mesmo. De repente ela vem com um barbante na mão. Fingi que era natural e sabia o que ela faria com aquilo, mas fiquei surpresa quando ela passou a cordinha pelas laterais da calcinha e a amarrou bem forte.
- Quer bem cavada?
- É... é, isso. Penélope então deixou a calcinha tampando apenas uma fina faixa da Abigail, nome carinhoso de meu órgão, esqueci de apresentar antes.
- Os pêlos estão altos demais. Vou cortar um pouco senão vai doer mais ainda.
- Ah, sim, claro. Claro nada, não entendia porra nenhuma do que ela fazia. Mas confiei. De repente, ela volta da mesinha de tortura com uma espátula melada de um líquido viscoso e quente (via pela fumaça).
- Pode abrir as pernas.
- Assim?
- Não, querida. Que nem borboleta, sabe? Dobra os joelhos e depois joga cada perna pra um lado.
- Arreganhada, né? Ela riu. Que situação. E então, Pê passou a primeira camada de cera quente em minha virilha Virgem. Gostoso, quentinho, agradável. Até a hora de puxar.
Foi rápido e fatal. Achei que toda a pele de meu corpo tivesse saído, que apenas minha ossada havia sobrado na maca. Não tive coragem de olhar.Achei que havia sangue jorrando até o teto. Até procurei minha bolsa com os olhos, já cogitando a possibilidade de ligar para o Samu. Tudo isso buscando me concentrar em minha expressão, para fingir que era tudo supernatural. Penélope perguntou se estava tudo bem quando me notou roxa. Eu havia esquecido de respirar. Tinha medo de que doesse mais.
- Tudo ótimo. E você?
Ela riu de novo como quem pensa "que garota estranha". Mas deve ter aprendido a ser simpática para manter clientes. O processo medieval continuou. A cada puxada eu tinha vontade de espancar Penélope. Lembrava de minhas amigas recomendando a depilação e imaginava que era tudo uma grande sacanagem, só pra me fazer sofrer. Todas recomendam a todos porque se cansam de sofrer sozinhas.
- Quer que tire dos lábios?- Não, eu quero só virilha, bigode não.
- Não, querida, os lábios dela aqui ó.
Não, não, pára tudo. Depilar os tais grandes lábios ? Putz, que idéia.Mas topei. Quem está na maca tem que se fuder mesmo.
- Ah, arranca aí. Faz isso valer a pena, por favor.Não bastasse minha condição, a depiladora do lado invade o cafofinho de Penélope e dá uma conferida na Abigail.
- Olha, tá ficando linda essa depilação.
- Menina, mas tá cheio de encravado aqui. Olha de perto. Se tivesse sobrado algum pentelhinho, ele teria balançado com a respiração das duas. Estavam bem perto dali. Cerrei os olhos e pedi que fosse um pesadelo.
"Me leva daqui, Deus, me teletransporta" . Só voltei à terra quando entre uns blábláblás ouvi a palavra pinça.
- Vou dar uma pinçada aqui porque ficaram um pelinhos, tá?- Pode pinçar, tá tudo dormente mesmo, tô sentindo nada.
Estava enganada. Senti cada picadinha daquela pinça filha da mãe arrancar cabelinhos resistentes da pele já dolorida. E quis matá-la. Mas mal sabia que o motivo para isso ainda estava por vir.
- Vamos ficar de lado agora?- Hein?- Deitar de lado pra fazer a parte cavada. Pior não podia ficar. Obedeci à Penélope. Deitei de ladinho e fiquei esperando novas ordens.
- Segura sua bunda aqui?- Hein?
- Essa banda aqui de cima, puxa ela pra afastar da outra banda. Tive vontade de chorar. Eu não podia ver o que Pê via. Mas ela estava de cara para ele, o olho que nada vê. Quantos haviam visto, à luz do dia, aquela cena? Nem minha ginecologista.
Quis chorar, gritar, peidar na cara dela, como se pudesse envenená-la. Fiquei pensando nela acordando à noite com um pesadelo. O marido perguntaria:
- Tudo bem, Pê?- Sim... sonhei de novo com o cu de uma cliente.
Mas de repente fui novamente trazida para a realidade. Senti o aconchego falso da cera quente besuntando meu Twin Peaks. Não sabia se ficava com mais medo da puxada ou com vergonha da situação. Sei que ela deve ver mil cus por dia. Aliás, isso até alivia minha situação. Por que ela lembraria justamente do meu entre tantos? E aí me veio o pensamento: peraí, mas tem cabelo lá? Fui impedida de desfiar o questionamento.
Pê puxou a cera. Achei que a bunda tivesse ido toda embora. Num puxão só, Pê arrancou qualquer coisa que tivesse ali. Com certeza não havia nem uma preguinha pra contar a história mais. Mordia o travesseiro e grunhia ao mesmo tempo. Sons guturais, xingamentos, preces, tudo junto.
- Vira agora do outro lado.
Porra.. por que não arrancou tudo de uma vez? Virei e segurei novamente a bandinha. E então, piora. A broaca da salinha do lado novamente abre a cortina.
- Penélope, empresta um chumaço de algodão?
Apenas uma lágrima solitária escorreu de meus olhos. Era dor demais, vergonha demais. Aquilo não fazia sentido. Estava me depilando pra quem?Ninguém ia ver o tobinha tão de perto daquele jeito. Só mesmo Penélope. E agora a vizinha inconveniente.
- Terminamos. Pode virar que vou passar maquininha.
- Máquina de quê?!- Pra deixar ela com o pêlo baixinho, que nem campo de futebol.
- Dói?
- Dói nada.
- Tá, passa essa merda...
- Baixa a calcinha, por favor.
Foram dois segundos de choque extremo. Baixe a calcinha, como alguém fala isso sem antes pegar no peitinho? Mas o choque foi substituído por uma total redenção. Ela viu tudo, da perereca ao cu. O que seria baixar a calcinha? E essa parte não doeu mesmo, foi até bem agradável.
- Prontinha. Posso passar um talco?
- Pode, vai lá, deixa a bicha grisalha.
- Tá linda! Pode namorar muito agora.
Namorar...namorar. .. eu estava com sede de vingança. Admito que o resultado é bonito, lisinho, sedoso. Mas doía e incomodava demais. Queria matar minhas amigas. Queria virar feminista, morrer peluda, protestar contra isso. Queria fazer passeatas, criar uma lei antidepilação cavada. Que sufoco! Que experiência! Por essas e outras que eu digo: É muito difícil ser mulher!
Desconheço o autor.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Um dia de fúria no shopping


Fim de semana é sinônimo, para muita gente, de idas ao shopping. Esses pólos do consumo estão planejados para gerar bons negócios para os lojistas, e interesse, para os potenciais clientes. Foi com base em estudos que alguém teve a idéia de separar a escada rolante que sobe da que desce, obrigando-nos a dar mais uma voltinha pelo corredor, o que pode acabar numa comprinha por impulso.

Com tantas estratégias subliminares a nos seduzir, me pergunto por que ainda não criaram uma fórmula mais eficaz para a abordagem feita pelos vendedores aos recém-chegados clientes. Adoro uma comprinha, mas confesso que não tenho muita paciência para o ritual do “posso ajudar?”, ou “você está procurando algo especial?”, quando você chegou ali por mera curiosidade ou nem se deu conta ainda de onde foi parar. Dá vontade de dizer, “sim, pode ajudar pagando a conta no final, você topa?”.

Ok, posso estar sendo rabugenta demais. O problema é o que se ouve depois dessa pergunta inicial. Se você disser que, “não, só estou olhando”, corre o risco de ser apresentada à toda a “nova coleção” sem ter perguntado por ela. E se você estiver procurando algo específico, tipo “uma blusa branca de malha justa” e a vendedora for do tipo que não perde uma chance e não tiver nada semelhante ou genérico para te mostrar, ela saca lá da outra arara uma bata colorida e tenta te empurrar. “Mas essa aqui é a sua cara. Não custa experimentar”. Custa, sim, querida, meu tempo.

Quem nunca se irritou ou deixou de comprar algo por causa de uma abordagem infeliz ou solícita demais? Ou, pior, por causa de uma opinião flagrantemente mentirosa? Uma vez experimentei uma calça jeans que tinha pelo menos um palmo além do comprimento das minhas pernas. Como era algo urgente, que eu queria levar para uma viagem, e não poderia deixar lá para fazer bainha, a vendedora nem titubeou. “Ficou ó-ti-mo!”. Fui embora.

Dia desses deixei de comprar o hidratante que uso costumeiramente porque ao pisar na loja fui assaltada por uma vendedora solícita além da conta. Eu disse que estava lá atrás do produto tal, mas que antes daria uma olhadinha nas promoções, obrigada. Pra quê? Eu não podia fixar distraidamente meu olhar em nenhuma prateleira, que ela logo desfiava uma interminável lista das qualidades dos cosméticos expostos nas estantes, com uma quantidade de informação tão assombrosa e decorada, que até o preço, escrito em plaquinhas bem legíveis, ela repetia para mim.

Como ela notou que eu estou muito grávida, foi logo dizendo que “esse creme previne inchaço” (quem disse que eu inchei?), “esse é ótimo para cicatrização” (quem disse que eu serei submetida a uma cirurgia?), e esse é ótimo “pra acalmar” (eu estava apenas começando a ficar nervosa com ela). E tascava mostras dos produtos na minha mão para eu sentir, cheirar…

Lá pelas tantas, quando eu finalmente me aproximava do produto que justificara desde o início minha entrada na loja, minha cabeça girava. Chequei discretamente com meu marido, que se afastava cada vez mais de mim e de dela: “Essa moça não pára de falar? Quê isso, gente!?”. Foi o bastante para cairmos na gargalhada. Ele saiu da loja. Eu ainda fiquei, buscando com o olhar alguém que me salvasse daquela louca, mas, como isso não aconteceu, e antes que ela começasse a listar as vantagens de um creme para dar firmeza ao busto “muito indicado para depois da amamentação”, cortei o barato dela. “Eu sei, conheço, e não acredito nisso. Obrigada”. Foi minha única tentativa de detê-la, mas não bastou.

Aquilo foi me irritando de tal forma que saí da loja sem comprar o que eu buscava porque ela só faltou ler a bula do hidratante que uso há mais de seis anos. No dia seguinte, voltamos ao shopping para outra pendência qualquer. De fora, esperei a tagarela se afastar da minha prateleira-alvo. Meu plano era entrar correndo, pegar o produto e ir direto ao caixa. Como ela não saiu da zona de risco, fui embora sem botar o pé lá dentro. Meu marido se recusou a fazer isso para mim. “Nem pensar, ela vai querer me apresentar a loja toda”.

Uma semana depois, achei o meu hidratante numa loja de cosméticos multimarcas e topei pagar 20% mais caro para nunca mais ter que encarar a fúria verborrágica da atendente. Ela simplesmente me aterrorizou e, apesar do sarcasmo que toma conta de mim nessas horas, achei melhor evitar o confronto. É muito desagradável dar fora nos outros.


Martha Mendonça

As dificuldade de ser mulher

- Quer o seu absorvente macio com abas, seco e seguro sem abas, noturno ou adapt-gel com dupla aba?

- Vai de drenagem linfática ou estimulação russa?

- Quer leave-in antes da escova? Vai ser com escova raquete ou quadrada?

- A unha é normal ou francesinha?

- Depilação egípcia, indiana ou iraquiana?

- Peeling químico, ultrassônico ou de cristais?

- Sculptra, Dmae, Manthus?

Eu tenho medo. Eu tenho muito medo. Ser mulher está muito difícil. Além dos produtos de todo tipo, que se multiplicam, criando especificidades que eu nunca imaginei existir, os tratamentos de beleza estão anos-luz além do meu conhecimento. Não consigo acompanhar tudo. Não quero acompanhar tudo. Mas, se não acompanho, a cada vez que vejo anúncios e matérias em revistas ou ouço as amigas falando, fico com aquela impressão de que não fui convidada para uma festa onde todo mundo está. Que fiquei pra trás. Que perdi o bonde da estética.

Eu não tenho qualquer informação sobre o que seja um terço do que escrevi lá em cima. Mais da metade sei vagamente. E os que sei nunca experimentei. Há algo de muito errado comigo. Ou então com a maioria das outras descendentes de Eva.

Eu não sei a diferença entre cachecol e echarpe.
Eu também não sei o que é uma bolsa do jalapão. Eu nem gosto de bolsa.
E acho as Louis Vuitton horrorosas. Parece coisa da minhas tias-avós. Pronto, falei.
Faço minha depilação com cera normal. Aquela com mel. Isso é ser antiga?
Ainda chamo absorvente de modess. É coisa da idade?
Passo só base nas unhas (ou no que sobra delas) ou no máximo esmalte renda - apesar dos olhares tortos das manicures que têm decalques e piercings nas delas.
Estimulação russa me parece algum tipo de tortura soviética (sem falar naquela história de enfiar gás carbônico no corpo!)
E que diabos é leave-in? Se alguém souber me explicar essas coisas todas, agradeço!
Ou talvez não. Talvez seja melhor nem saber.

Martha Mendonça