sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Experiência que marca

Pensando bem, nem tudo foi ruim. É, eu tava errada generalizando assim. Eu não posso dizer que a experiência do antigo emprego só me deixou marcas ruins porque me rendeu muitas lembranças boas sim. Mesmo que por mais que eu fizesse, nunca tava bom. Sempre tinham que achar um defeito. E quando finalmente ultrapassava as expectativas, um elogio nunca ouvi. É difícil trabalhar num lugar onde nada do que você faz é reconhecido, onde você faz muito mais do que suas obrigações e agüenta tudo quietinha porque precisa trabalhar, porque sem dinheiro, infelizmente, ainda não dá pra viver (quem sabe no futuro, não inventam uma maneira disso ser possível?).

Só que eu não posso só me queixar porque em meio a tantos espinhos, colhi frutos e houve pessoas que me deram flores. Por mais complicado que parecia ser estar naquele lugar, eu ainda tinha motivo pra sorrir: as pessoas que me cercavam, faziam questão de exaltar a minha importância naquele lugar. Na festa de despedida, foi difícil encontrar um que não chorasse ao me abraçar. De verdade, me senti amada ali! E por alguns instantes, foi como se meu coração apagasse tudo de ruim que eu havia vivido e dissesse baixinho no meu ouvido: ‘acho que vale a pena mudar de opinião e ficar, por eles!’. Mas a minha razão brigava incessantemente dizendo que não, que por mais eu saísse daquele lugar, os que gostam de mim, estariam comigo aonde quer que eu esteja.

Essa foi uma das coisas mais verdadeiras que ouvi do meu coração. E fui confirmando isso a cada dia. Não tem preço você receber uma ligação de uma ex-funcionária dizendo que está com saudades, outra que quer te ver, outra te ligar na virada do dia 24 pro dia 25 de Dezembro e lembrar-se de você na Ceia de Natal da família dela. Não tem preço você atender uma ligação e ouvir de um ex-vendedor seu que ele ficou sabendo de uma vaga de emprego e lembrou-se de você, realmente não tem preço o gerente do açougue que você fazia pedidos te ligar e perguntar quando é que você vai voltar porque você faz falta naquele lugar. Não tem preço você ter que voltar à empresa pra resolver assuntos meramente burocráticos e passar mais que o tempo necessário pra matar as saudades das pessoas queridas que conheceu ali. Digo, de verdade, não tem preço toda a experiência, todo o crescimento, toda a vivência e todos os tropeços que levei enquanto estive naquele trabalho... cada detalhe, tudo, contribuiu pra uma Gabriela melhor que aquela que já existia.

Gabriela Braga

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